CASAMENTO E LUA DE MEL
São Paulo capital, dia do nosso casamento. Você que já casou sabe como é complicado para uma mulher o dia do seu matrimônio. Sim, porque ela está envolvida em todos os detalhes deste acontecimento, dos convidados ao bolo tudo é a mulher que acaba providenciando. Para o homem fica a parte boa: Estar lá, dizer o famoso “sim aceito” e depois aproveitar-se da pureza da noiva na lua de mel (risos).
O nosso casamento foi diferente de tudo o que já vi na vida e vocês também vão concordar comigo. Na época em que nos unimos ainda existia todo um preconceito com relação a mulheres divorciadas, sobretudo àquelas com filhos o que no meu caso eram três. Some-se a isto o fato do meu marido ser mais novo. Eu, uma “papa anjos”, “aproveitadora de crianças”, “desesperada”, e alguns outros adjetivos que nem convém mencionar. Depois do casamento feito no civil, a grande dificuldade que tivemos foi encontrar um pastor que aceitasse fazer a cerimônia religiosa. Que luta! Mas enfim, um homem de Deus á frente do seu tempo resolveu arriscar o pescoço abençoando aquela união, desde que concordássemos em fazer uma cerimônia bem simples, para poucos convidados e num lugar bem informal: Na minha casa!
Se era esta a única maneira, tudo bem, aceitamos.
O grande momento: Esperávamos a casa lotada. Meus filhos lindamente vestidos, mais felizes com o “bolo”, c om os amiguinhos que estavam chegando do que pela cerimônia, que lá no fundo provavelmente nem estavam entendendo bem.
Foi realmente dia de festa, mas também dia de “bolo”. Sim porque muitas das pessoas que convidamos simplesmente não apareceram, e quando um “amigo” não aparece na sua festa de casamento é porque ou algo muito grave aconteceu ou aquela pessoa nunca foi seu amigo. Até aí tudo bem, afinal só estão ali para assistir e testemunhar aquele importante momento da sua vida, mas se não querem, fazer o que né? O grande problema é quando, não a noiva se excede e extrapola no atraso, mas sim o pastor que irá fazer a cerimônia.
Todas as vezes que nos lembramos disto damos muita risada, mas naquele dia foi muito difícil. O noivo que deveria estar nervoso pela demora da noiva, estava na realidade ao seu lado, ambos aflitos aguardando a vinda do fotógrafo e do Pastor. Simplesmente não vieram! Assim como os outros covardes e preconceituosos, diria depois que sofreu muitas pressões por parte da sua congregação e procurando preservar a sua reputação, decidiu não vir, sabendo que nós entenderíamos. Pergunto: Você entenderia uma coisa destas? Vocês devem estar curiosos para saber se casamos. Sim, é a resposta. Naquele dia mesmo! Como? Eu, como mulher sábia e determinada lembrei que havia entre nós um Pastor e que mesmo sendo em completa surpresa, não poderia dizer-me “não”, e nem teria como. Foi bem diferente é verdade, e até engraçado, mas foi o mais lindo casamento do qual já participei! Quer saber que nobre homem foi este, que herói de última hora veio dar-nos o socorro em momento tão especial? Pois bem, foi o meu próprio noivo! Sim, lembrei na hora que ele era Pastor, empurrei-o, digo dei-lhe uma mãozinha (risos) para que assumisse a frente da reunião. Ele como noivo e como oficiante autorizado por Deus, fez o duplo papel. Se tivesse tempo e espaço, compartilharia com vocês até as palavras e o clima descontraído em que aquela festa, fadada pelos homens a ser um fiasco, tornou-se num ambiente de pura alegria e felicidade, porque aquele que é o mais importante dos convidados, não somente estava ali, mas abençoou para sempre aqueles noivos e àquela família.
“- Meus irmãos, estamos reunidos aqui para unir em matrimônio este homem e esta mulher. Ops!... digo eu e minha noiva”...... rsrsrsrs e assim foi por toda a cerimônia ...e assim será.... Até que a morte nos separe!
Resolvido o “pequeno” contratempo no casamento, partimos de carro rumo ao Rio de Janeiro onde segundo os planos do Marcos iríamos passar a noite, depois seguindo para o Espírito Santo, onde iríamos viver a nossa lua-de-mel. Sei que homem gosta de dirigir, mas faça-me o favor! Você sair do seu casamento onde o Pastor não apareceu, o fotógrafo sumiu, oferecer uma festa para os convidados e depois partir numa viagem de seis horas dentro de um carro? Nada tão cansativo e estressante! Quando chegamos perto da “Serra das Araras” já no Estado do Rio de Janeiro, eu já tinha me transformado numa “arara faladora" n os ouvidos do meu marido:
“-Pára este carro! Não agüento mais!”
“-Mas querida, falta pouco.”
“-Falta pouco para você perder a sua esposa, estou morrendo de cansaço!
“-Mas querida aqui nem tem um hotel para ficarmos.”
“-Por favor, dá um jeito.”
O jeito que ele conseguiu, foi um motel na beira da estrada. Confesso que nem me lembro de mais nada naquela madrugada de tão cansada que estava! Ainda bem que teríamos tempo para nos amar por toda a vida (risos). A única coisa de que me lembro foi do café naquela manhã. Aliás, amo o café da manhã. Naquele dia veio completo. Suco de laranja, mamão, melancia, café, leite, pão, frios, bolo, ovos poche. Que delícia!
Segundo trecho da viagem. Mais 600 km. Ele feliz e realizado em dirigir, eu quase me transformando em “arara” novamente (risos)! Chegamos em Vitória quase meia noite. Não deu pra ver bem a cidade aquela hora. Aliás, só queria um lugar para novamente descansar. Ficamos no Hotel Aruã, que fica em frente à praia de Comburi. Bom quarto, ótimo café da manhã, eu estava pronta para conhecer e explorar aquela nova cidade e finalmente começar descansada a minha tão sonhada lua-de-mel. Foi aí que o Marcos revelou que os planos eram outros. Iríamos pegar um “ônibus” indo primeiro visitar o interior do Estado, depois voltando sim, ficaríamos ali. Como é difícil o papel de mulher submissa muitas vezes (risos).
Deixamos o nosso carro na rodoviária de Vitória e pegamos um ônibus cujo itinerário dizia: “Baixo Guandú” . Eu pensava comigo, que lugar será este meu Deus, do qual eu em nenhum roteiro turístico tinha ouvido falar? Seria meu marido um descobridor de lugares paradisíacos e que agora nós “aventureiros” iríamos nos deliciar em suas belezas e encantos? Bom, se dependesse do transporte e da estrada na época, tinha que ser uma verdadeira descoberta porque me senti na carroça de Cabral, digo, na caravela do dito cujo. Sem exagero aquilo pulava mais que bolinha de ping pong. E a poeira então? A tosse denunciava a secura da garganta, assim como a “galinha” do vizinho de poltrona, cacarejava insatisfeita com outras companheiras que também não calavam a matraca. Isto tudo aliado ao porquinho que descobri que também fazia parte da nossa viagem liberando seu odor característico, sendo inclusive objeto de protesto de um bode que também berrava sem parar. Nunca tinha visto uma coisa daquelas. Antes da metade da viagem já havia descoberto o desejo do meu marido: Fazer-me voltar no tempo e na história, para saber como os animais da arca de Noé se sentiram (risos). Eu estava louca da vida!
Entendi que a mulher de Noé é que foi a verdadeira heroína, sem nunca ter levado qualquer crédito por isto. Eu já estava tão estressada com tudo aquilo, que numa parada onde o meu marido já havia entendido que para fazer parte do ambiente e do clima, eu de inofensiva “arara”no início da viagem, agora transformada em verdadeira “onça” esperava apenas que ele me cutucasse com sua “vara curta” (risos), para devorá-lo por inteiro. O castigo como diz o ditado veio a cavalo (risos). O Marcos tendo descido para buscar água para a “onça”, digo para a mulher de Noé (risos), demorou para ser atendido, e quando voltou o ônibus já tinha saído. Podem ficar decepcionados meus fiéis admiradores, mas eu estava com tanta raiva , que não disse nada ao motorista que meu marido tinha sido esquecido na parada. Já estava planejando que quando chegasse a Baixo Guandú, eu iria pegar de lá o primeiro avião de volta para São Paulo e o Marcos que se virasse para voltar sozinho de carro! Mas quando olhei pela janela e ví o pobre correndo no meio da poeira com uma garrafa d’água na mão e gritando:
Entendi que a mulher de Noé é que foi a verdadeira heroína, sem nunca ter levado qualquer crédito por isto. Eu já estava tão estressada com tudo aquilo, que numa parada onde o meu marido já havia entendido que para fazer parte do ambiente e do clima, eu de inofensiva “arara”no início da viagem, agora transformada em verdadeira “onça” esperava apenas que ele me cutucasse com sua “vara curta” (risos), para devorá-lo por inteiro. O castigo como diz o ditado veio a cavalo (risos). O Marcos tendo descido para buscar água para a “onça”, digo para a mulher de Noé (risos), demorou para ser atendido, e quando voltou o ônibus já tinha saído. Podem ficar decepcionados meus fiéis admiradores, mas eu estava com tanta raiva , que não disse nada ao motorista que meu marido tinha sido esquecido na parada. Já estava planejando que quando chegasse a Baixo Guandú, eu iria pegar de lá o primeiro avião de volta para São Paulo e o Marcos que se virasse para voltar sozinho de carro! Mas quando olhei pela janela e ví o pobre correndo
“-Para motorista! Para motorista!”
Quase tive uma recaída de amor e compaixão, mas fui mais forte (risos) , porém o dono do porquinho que já tinha até feito amizade com o Marcos, inclusive tendo nos convidado para comer aquele pernil, deu pela sua falta, gritando para o condutor:
“-Pára aí Seu motorista, pois ficou prá trás o marido da Dona Madame”!
E pra sorte da bicharada volta o seu Noé para carroça, digo para a Arca. Ofegante, entra no ônibus ainda me agradecendo por achar que fui eu quem avisou e exigi que o ônibus parasse, mas quando me viu ainda travestida de “onça” entendeu que certamente era outro quem lhe havia prestado socorro. De qualquer forma foi bom, porque eu viria a descobrir que em “Baixo Guandú não tinha nem sinal de aeroporto e que iria precisar dos conselhos e ajuda de “Noé” para conduzir a “arca”de retorno, a qual desta vez seria um “trem”. Mas este retorno foi tão traumático, que recuso-me a contar em detalhes. Basta dizer que o tal “trem”
que o Marcos me convidou para curtir, só tinha um banco duro de madeira, e fuligem de minério a vontade. Eu de branquinha da mamãe, me transformei de “onça pintada”na ida, para “pantera negra” na volta. O importante é que apesar de toda raiva, consegui manter o seu “Noé”vivo (risos).
Aos queridos “ cidadãos Guanduenses “, peço as minha desculpas, o que parece na leitura desta narrativa, é que detestei a terra de vocês, mas não é bem assim! Na realidade nem conheci as belezas que certamente tem esta terra. O meu grande trauma foi o transporte, a companhia da bicharada, a estrada esburacada e por fim, a única “pensão” da cidade que o Marcos encontrou vaga, com um único banheiro no corredor que servia a pelo menos dez quartos. Tudo isto fez com que eu lhe pedisse para que voltássemos para a capital no outro dia mesmo. Afinal o coitado também só queria levar a sua “bela esposa” para apresentá-la aos parentes que moravam na cidade. O que fizemos com a promessa de um dia voltarmos.
Concluindo, quer uma receita infalível para não sofrer tanto? Para ser mais feliz? Não leve a vida tão a sério. Permita que até mesmo as aparentes catástrofes que tentam estragar seus planos encontrem em você a sabedoria que te dá a leveza de poder sorrir. De gargalhar de tudo aquilo! De entender que aquele momento irá passar, transformando-se apenas em história. Em lembranças. E que a forma com que você agiu ou reagiu àquilo tudo é que lhe trarão orgulho ou vergonha!
Conselhos a noivos e recém casados:
1) Em caso de segundo casamento, envie o triplo de convites porque um preconceituoso nunca se confessa como tal.
2) Em caso de escolha de Igrejas e pastores também vale o conselho. Confirme com pelo menos três, e se possível peça ao seu noivo que faça um curso básico de teologia. Ninguém sabe se naquela hora vocês também possam precisar.
3) Nunca vá de carro numa viagem de lua-de-mel em distâncias superiores a 500 km.
4) Entre “Arara” e “onça” na lua de mel sempre opte pela ave, pois fala o que nós gostamos de fazer, e além disso sabe “voar” em caso de quebra do carro ou falta de aeroporto.
5
5) Em caso de transformação involuntária em “onça”, em hipótese nenhuma devore o seu “Noé”. Lembre-se que você já foi estigmatizada por uma separação e logo na lua de mel ficar viúva, certamente irá afugentar de vez a possibilidade de um terceiro pretendente.
6) Nunca planeje levar sua esposa para visitar parentes em sua lua-de-mel.
Ofereça-lhe a Lua, o mel e por favor, esqueça a família naquele momento.
7) Perdoe tudo e a todos! Inclusive seu marido e suas boas idéias para a lua-de-mel.
Depois de 24 anos acho que ele aprendeu a lição! Este ano fomos comemorar antecipadamente fazendo um cruzeiro
maravilhoso, onde fui tratada como uma rainha e com direito a declaração de amor diante de centenas de pessoas.
maravilhoso, onde fui tratada como uma rainha e com direito a declaração de amor diante de centenas de pessoas.
SUPERAMOS TUDO ISSO
E
MUITO MAIS... CHEGAMOS ATÉ AQUI........ESTAMOS DE PARABÉNS!!!!!!
27 ANOS!!! CASAMENTO E LUA DE MEL
5) Em caso de transformação involuntária em “onça”, em hipótese nenhuma devore o seu “Noé”. Lembre-se que você já foi estigmatizada por uma separação e logo na lua de mel ficar viúva, certamente irá afugentar de vez a possibilidade de um terceiro pretendente.
São Paulo capital, dia do nosso casamento. Você que já casou sabe como é complicado para uma mulher o dia do seu matrimônio. Sim, porque ela está envolvida em todos os detalhes deste acontecimento, dos convidados ao bolo tudo é a mulher que acaba providenciando. Para o homem fica a parte boa: Estar lá, dizer o famoso “sim aceito” e depois aproveitar-se da pureza da noiva na lua de mel (risos).
O nosso casamento foi diferente de tudo o que já vi na vida e vocês também vão concordar comigo. Na época em que nos unimos ainda existia todo um preconceito com relação a mulheres divorciadas, sobretudo àquelas com filhos o que no meu caso eram três. Some-se a isto o fato do meu marido ser mais novo. Eu, uma “papa anjos”, “aproveitadora de crianças”, “desesperada”, e alguns outros adjetivos que nem convém mencionar. Depois do casamento feito no civil, a grande dificuldade que tivemos foi encontrar um pastor que aceitasse fazer a cerimônia religiosa. Que luta! Mas enfim, um homem de Deus á frente do seu tempo resolveu arriscar o pescoço abençoando aquela união, desde que concordássemos em fazer uma cerimônia bem simples, para poucos convidados e num lugar bem informal: Na minha casa!
Se era esta a única maneira, tudo bem, aceitamos.
O grande momento: Esperávamos a casa lotada. Meus filhos lindamente vestidos, mais felizes com o “bolo”, c om os amiguinhos que estavam chegando do que pela cerimônia, que lá no fundo provavelmente nem estavam entendendo bem.
Foi realmente dia de festa, mas também dia de “bolo”. Sim porque muitas das pessoas que convidamos simplesmente não apareceram, e quando um “amigo” não aparece na sua festa de casamento é porque ou algo muito grave aconteceu ou aquela pessoa nunca foi seu amigo. Até aí tudo bem, afinal só estão ali para assistir e testemunhar aquele importante momento da sua vida, mas se não querem, fazer o que né? O grande problema é quando, não a noiva se excede e extrapola no atraso, mas sim o pastor que irá fazer a cerimônia.
Todas as vezes que nos lembramos disto damos muita risada, mas naquele dia foi muito difícil. O noivo que deveria estar nervoso pela demora da noiva, estava na realidade ao seu lado, ambos aflitos aguardando a vinda do fotógrafo e do Pastor. Simplesmente não vieram! Assim como os outros covardes e preconceituosos, diria depois que sofreu muitas pressões por parte da sua congregação e procurando preservar a sua reputação, decidiu não vir, sabendo que nós entenderíamos. Pergunto: Você entenderia uma coisa destas? Vocês devem estar curiosos para saber se casamos. Sim, é a resposta. Naquele dia mesmo! Como? Eu, como mulher sábia e determinada lembrei que havia entre nós um Pastor e que mesmo sendo em completa surpresa, não poderia dizer-me “não”, e nem teria como. Foi bem diferente é verdade, e até engraçado, mas foi o mais lindo casamento do qual já participei! Quer saber que nobre homem foi este, que herói de última hora veio dar-nos o socorro em momento tão especial? Pois bem, foi o meu próprio noivo! Sim, lembrei na hora que ele era Pastor, empurrei-o, digo dei-lhe uma mãozinha (risos) para que assumisse a frente da reunião. Ele como noivo e como oficiante autorizado por Deus, fez o duplo papel. Se tivesse tempo e espaço, compartilharia com vocês até as palavras e o clima descontraído em que aquela festa, fadada pelos homens a ser um fiasco, tornou-se num ambiente de pura alegria e felicidade, porque aquele que é o mais importante dos convidados, não somente estava ali, mas abençoou para sempre aqueles noivos e àquela família.
“- Meus irmãos, estamos reunidos aqui para unir em matrimônio este homem e esta mulher. Ops!... digo eu e minha noiva”...... rsrsrsrs e assim foi por toda a cerimônia ...e assim será.... Até que a morte nos separe!
Resolvido o “pequeno” contratempo no casamento, partimos de carro rumo ao Rio de Janeiro onde segundo os planos do Marcos iríamos passar a noite, depois seguindo para o Espírito Santo, onde iríamos viver a nossa lua-de-mel. Sei que homem gosta de dirigir, mas faça-me o favor! Você sair do seu casamento onde o Pastor não apareceu, o fotógrafo sumiu, oferecer uma festa para os convidados e depois partir numa viagem de seis horas dentro de um carro? Nada tão cansativo e estressante! Quando chegamos perto da “Serra das Araras” já no Estado do Rio de Janeiro, eu já tinha me transformado numa “arara faladora" n os ouvidos do meu marido:
“-Pára este carro! Não agüento mais!”
“-Mas querida, falta pouco.”
“-Falta pouco para você perder a sua esposa, estou morrendo de cansaço!
“-Mas querida aqui nem tem um hotel para ficarmos.”
“-Por favor, dá um jeito.”
O jeito que ele conseguiu, foi um motel na beira da estrada. Confesso que nem me lembro de mais nada naquela madrugada de tão cansada que estava! Ainda bem que teríamos tempo para nos amar por toda a vida (risos). A única coisa de que me lembro foi do café naquela manhã. Aliás, amo o café da manhã. Naquele dia veio completo. Suco de laranja, mamão, melancia, café, leite, pão, frios, bolo, ovos poche. Que delícia!
Segundo trecho da viagem. Mais 600 km. Ele feliz e realizado em dirigir, eu quase me transformando em “arara” novamente (risos)! Chegamos em Vitória quase meia noite. Não deu pra ver bem a cidade aquela hora. Aliás, só queria um lugar para novamente descansar. Ficamos no Hotel Aruã, que fica em frente à praia de Comburi. Bom quarto, ótimo café da manhã, eu estava pronta para conhecer e explorar aquela nova cidade e finalmente começar descansada a minha tão sonhada lua-de-mel. Foi aí que o Marcos revelou que os planos eram outros. Iríamos pegar um “ônibus” indo primeiro visitar o interior do Estado, depois voltando sim, ficaríamos ali. Como é difícil o papel de mulher submissa muitas vezes (risos).
Deixamos o nosso carro na rodoviária de Vitória e pegamos um ônibus cujo itinerário dizia: “Baixo Guandú” . Eu pensava comigo, que lugar será este meu Deus, do qual eu em nenhum roteiro turístico tinha ouvido falar? Seria meu marido um descobridor de lugares paradisíacos e que agora nós “aventureiros” iríamos nos deliciar em suas belezas e encantos? Bom, se dependesse do transporte e da estrada na época, tinha que ser uma verdadeira descoberta porque me senti na carroça de Cabral, digo, na caravela do dito cujo. Sem exagero aquilo pulava mais que bolinha de ping pong. E a poeira então? A tosse denunciava a secura da garganta, assim como a “galinha” do vizinho de poltrona, cacarejava insatisfeita com outras companheiras que também não calavam a matraca. Isto tudo aliado ao porquinho que descobri que também fazia parte da nossa viagem liberando seu odor característico, sendo inclusive objeto de protesto de um bode que também berrava sem parar. Nunca tinha visto uma coisa daquelas. Antes da metade da viagem já havia descoberto o desejo do meu marido: Fazer-me voltar no tempo e na história, para saber como os animais da arca de Noé se sentiram (risos). Eu estava louca da vida!
Entendi que a mulher de Noé é que foi a verdadeira heroína, sem nunca ter levado qualquer crédito por isto. Eu já estava tão estressada com tudo aquilo, que numa parada onde o meu marido já havia entendido que para fazer parte do ambiente e do clima, eu de inofensiva “arara”no início da viagem, agora transformada em verdadeira “onça” esperava apenas que ele me cutucasse com sua “vara curta” (risos), para devorá-lo por inteiro. O castigo como diz o ditado veio a cavalo (risos). O Marcos tendo descido para buscar água para a “onça”, digo para a mulher de Noé (risos), demorou para ser atendido, e quando voltou o ônibus já tinha saído. Podem ficar decepcionados meus fiéis admiradores, mas eu estava com tanta raiva , que não disse nada ao motorista que meu marido tinha sido esquecido na parada. Já estava planejando que quando chegasse a Baixo Guandú, eu iria pegar de lá o primeiro avião de volta para São Paulo e o Marcos que se virasse para voltar sozinho de carro! Mas quando olhei pela janela e ví o pobre correndo no meio da poeira com uma garrafa d’água na mão e gritando:
Entendi que a mulher de Noé é que foi a verdadeira heroína, sem nunca ter levado qualquer crédito por isto. Eu já estava tão estressada com tudo aquilo, que numa parada onde o meu marido já havia entendido que para fazer parte do ambiente e do clima, eu de inofensiva “arara”no início da viagem, agora transformada em verdadeira “onça” esperava apenas que ele me cutucasse com sua “vara curta” (risos), para devorá-lo por inteiro. O castigo como diz o ditado veio a cavalo (risos). O Marcos tendo descido para buscar água para a “onça”, digo para a mulher de Noé (risos), demorou para ser atendido, e quando voltou o ônibus já tinha saído. Podem ficar decepcionados meus fiéis admiradores, mas eu estava com tanta raiva , que não disse nada ao motorista que meu marido tinha sido esquecido na parada. Já estava planejando que quando chegasse a Baixo Guandú, eu iria pegar de lá o primeiro avião de volta para São Paulo e o Marcos que se virasse para voltar sozinho de carro! Mas quando olhei pela janela e ví o pobre correndo
“-Para motorista! Para motorista!”
Quase tive uma recaída de amor e compaixão, mas fui mais forte (risos) , porém o dono do porquinho que já tinha até feito amizade com o Marcos, inclusive tendo nos convidado para comer aquele pernil, deu pela sua falta, gritando para o condutor:
“-Pára aí Seu motorista, pois ficou prá trás o marido da Dona Madame”!
E pra sorte da bicharada volta o seu Noé para carroça, digo para a Arca. Ofegante, entra no ônibus ainda me agradecendo por achar que fui eu quem avisou e exigi que o ônibus parasse, mas quando me viu ainda travestida de “onça” entendeu que certamente era outro quem lhe havia prestado socorro. De qualquer forma foi bom, porque eu viria a descobrir que em “Baixo Guandú não tinha nem sinal de aeroporto e que iria precisar dos conselhos e ajuda de “Noé” para conduzir a “arca”de retorno, a qual desta vez seria um “trem”. Mas este retorno foi tão traumático, que recuso-me a contar em detalhes. Basta dizer que o tal “trem”
que o Marcos me convidou para curtir, só tinha um banco duro de madeira, e fuligem de minério a vontade. Eu de branquinha da mamãe, me transformei de “onça pintada”na ida, para “pantera negra” na volta. O importante é que apesar de toda raiva, consegui manter o seu “Noé”vivo (risos).
Aos queridos “ cidadãos Guanduenses “, peço as minha desculpas, o que parece na leitura desta narrativa, é que detestei a terra de vocês, mas não é bem assim! Na realidade nem conheci as belezas que certamente tem esta terra. O meu grande trauma foi o transporte, a companhia da bicharada, a estrada esburacada e por fim, a única “pensão” da cidade que o Marcos encontrou vaga, com um único banheiro no corredor que servia a pelo menos dez quartos. Tudo isto fez com que eu lhe pedisse para que voltássemos para a capital no outro dia mesmo. Afinal o coitado também só queria levar a sua “bela esposa” para apresentá-la aos parentes que moravam na cidade. O que fizemos com a promessa de um dia voltarmos.
Concluindo, quer uma receita infalível para não sofrer tanto? Para ser mais feliz? Não leve a vida tão a sério. Permita que até mesmo as aparentes catástrofes que tentam estragar seus planos encontrem em você a sabedoria que te dá a leveza de poder sorrir. De gargalhar de tudo aquilo! De entender que aquele momento irá passar, transformando-se apenas em história. Em lembranças. E que a forma com que você agiu ou reagiu àquilo tudo é que lhe trarão orgulho ou vergonha!
Conselhos a noivos e recém casados:
1) Em caso de segundo casamento, envie o triplo de convites porque um preconceituoso nunca se confessa como tal.
2) Em caso de escolha de Igrejas e pastores também vale o conselho. Confirme com pelo menos três, e se possível peça ao seu noivo que faça um curso básico de teologia. Ninguém sabe se naquela hora vocês também possam precisar.
3) Nunca vá de carro numa viagem de lua-de-mel em distâncias superiores a 500 km.
4) Entre “Arara” e “onça” na lua de mel sempre opte pela ave, pois fala o que nós gostamos de fazer, e além disso sabe “voar” em caso de quebra do carro ou falta de aeroporto.
5
5) Em caso de transformação involuntária em “onça”, em hipótese nenhuma devore o seu “Noé”. Lembre-se que você já foi estigmatizada por uma separação e logo na lua de mel ficar viúva, certamente irá afugentar de vez a possibilidade de um terceiro pretendente.
6) Nunca planeje levar sua esposa para visitar parentes em sua lua-de-mel.
Ofereça-lhe a Lua, o mel e por favor, esqueça a família naquele momento.
7) Perdoe tudo e a todos! Inclusive seu marido e suas boas idéias para a lua-de-mel.
Depois de 24 anos acho que ele aprendeu a lição! Este ano fomos comemorar antecipadamente fazendo um cruzeiro
maravilhoso, onde fui tratada como uma rainha e com direito a declaração de amor diante de centenas de pessoas.
maravilhoso, onde fui tratada como uma rainha e com direito a declaração de amor diante de centenas de pessoas.
SUPERAMOS TUDO ISSO
E
MUITO MAIS... CHEGAMOS ATÉ AQUI........ESTAMOS DE PARABÉNS!!!!!!
27 ANOS!!!