sábado, 18 de outubro de 2014


             


                                



              Nesta vida pegamos fila pra tudo. Ônibus, banco, supermercado, até mesmo diversão. Inventaram as filas rápidas, filas para idosos, portadoras de necessidades especiais, etc. Existem as filas obrigatórias, as quais odiamos,  etc. 

                 Mas também as filas prazerosas, aquelas que depois de encontrar uma grande liquidação, descobrimos a roupa dos sonhos pelo preço que amiga nenhuma jamais imaginaria.
               Todos nós, desde que nascemos, já fomos colocados na grande fila da morte, a qual inevitavelmente  um dia enfrentaremos.

                                                                             
               
                 O problema disto, é que a exatos treze anos , num exame de rotina, 
descobri, que fui colocada na fila rápida da morte, e ninguém tinha me avisado nada!
                 Só podia ser uma brincadeira de mal gosto! Um erro, um engano de um laboratório irresponsável
!
                   Carcinoma ductal infiltrante, grau III. Como me entregam um diagnóstico destes?

                   Depois de treze anos, agora ficou mais fácil reconhecer: A vida não terá pena de você! Descobri que nem Deus tem pena da gente!
                    Aliás como Deus permitiu tudo isto? Porque eu? O que eu fiz de errado?
                   Você  já se sentiu confusa? Completamente perdida? Sem chão? Procurando e encontrando respostas, que vem numa sequência como um grande furacão! Mas que até o momento só tem o respaldo do seu mais novo visitante, que vem de mala e cuia, desejando se alojar na sua casa e na sua vida:  O medo!
                  - Doença? Medo? Choro? Esta não sou! Estou na fila erraaaaaada! Quero a minha vida de volta!
                  - O que estou fazendo? Não falei de fé? Tenho que ter fé! Deus vai me dar outro diagnósticooooo!
                   Em todos estes anos, de tantas mudanças, tristezas, dores, decepções, muitas coisas mudaram em mim e tinham que mudar, mas outras não... Esta nunca mudou: Eu continuo dizendo, passados todos estes anos: - Eu vou ter outro diagnóstico!!!
                    Acontece que o  lindo vestido do milagre é tecido com a linha do impossível, a agulha da dor e do sofrimento.
                    O laboratório não estava errado, Deus não teve pena! Perdi  meu seio, minha vaidade. Meus sonhos! 
                    O nome na fila expressa da morte era meu: Matilde.

                     Nunca gostei do meu nome, tanto é que sempre me apresentei por Tuca.                      Mas “Matilde”  significa: “Guerreira que luta com energia”. Passado o choro, a revolta, a indignação, teria que fazer jus ao meu nome! Se Deus estava pela primeira vez errado na história, eu teria que lutar para provar! 
                    Afinal Ele me colocou na fila errada e depois de todas as orações que eu havia feito, ainda não o convencera. 
                    Teria que lutar para provar, que a fila rápida não era pra mim.

                   Me refiz! Nasci para sonhar! Se estou vivendo pesadelos, não preciso aceita-los! Eles fazem parte de todo o conjunto da fila rápida, a qual estou empenhada em sair.
                      - “Querido”,  disse ao meu marido,  ainda na cama  sonolento e sem poder de raciocínio.
                     - Vamos ter mais um filho? Nesta altura eu já tinha tido 3 outros lindos bebes que   ja eram casados ou estavam a caminho.
                     - O que você disse? Acho que não entendi. Disse ele.
                      - Eu com aquele sorriso, que ele sempre elogiou , mas que a tanto tempo não aparecia, repeti com a maior naturalidade possível: - Vamos ter um filho?        
                      Eu havia acabado de convidar a Deus para uma queda de braço, e a aceitação do meu marido, era o sinal que eu precisava para sair daquela maldita fila. 
                     A vida consiste de escolhas...de decisões. Firmes posicionamentos dos quais não devemos arredar o pé. Eu decidi viver e decidir pela vida é a maior e melhor decisão que alguém pode ter, independente de laudos, dor, mutilações, decepções, traições ou o que quer que seja! Independente do medo, que tantas vezes eu quis expulsar mas que tantas vezes afirmava não ser visitante, mas hóspede permanente.

                           Ele, meu marido, quis resistir. Com argumentos racionais e coerentes, comprovar pelo simples som dos trovões e tempestade que estávamos vivendo, que aquele não era o momento de termos um filho.
                          O amor falou mais alto! 
                                 Ele aceitou, yes!!!
                               
Deus usando a boca do meu marido, resolveu aceitar o meu convite e fazer alguma coisa,  à respeito de alguém que estava na fila expressa da morte, mas que agora, decide abraçar um projeto muito sério, que tem a ver com a continuação da vida!
                                                            Meu Samuel veio! 
Ele veio do céu!  Nasceu não de peito mutilado, acovardado pela beleza que não mais existe. Nasceu não das quimioterapias, que iriam  apresentar  aos amiguinhos futuros uma mãe careca. 
Mas nasceu de um coração decidido e cheio de amor!

Deus é amor! Eu que achava que Deus devia me odiar, agora via em meus braços a expressão de um Deus, que agora chorava e que tinha o tamanho exato para aconchegar-se nos meus braços. Eu iria cuidar com tanto carinho de Deus, iria ama-lo tanto, que ele não iria deixar-se órfão.

                                A Bíblia, a Palavra de Deus é incrivel: Ela revela um Deus que nem sempre livra o homem da “cova dos leões”, mas que promete que independente das circunstâncias, Ele está ali. A fornalha da provação em todo o seu calor, nunca será páreo para o amor de Deus. O dificil,  é que até que entendamos isto , choramos, sofremos, nos debatemos.  Deus é fiel!

            Cinco meses. Foi o tempo que durou a alegria de ter expulsado do meu corpo aquele hóspede intruso, chamado câncer, e de ter  recebido esta nova vida, o nosso primeiro grande milagre chamado Samuel.
              Novos exames e velho diagnóstico. Na primeira cirurgia, havia retirado um quadrante da minha mama, mais quimioterapia e radioterapia. Agora seria preciso sacrificar a mama toda!  Nem conseguia mais pegar meu filho nos braços
por vários mêses.
               Lembra que disse que Deus não tem pena da gente? Só mais tarde, iria entender isto, e muitas outras coisas. Naquele momento vivi no limiar da dor, da tristeza e da decepção. Como posso desejar e projetar a vida se Deus me permite um laudo de morte?
                Jesus disse que o  “Reino de Deus é tomado pela força”. O caminho da fé, é um caminho árduo... Estreito. Desistir não é uma opção!
                 Meses se passaram, mais uma etapa vencida. O câncer, é uma doença maligna cujo objetivo é ceifar a vida e no processo, roubar os sonhos a esperança. Muitos sucumbem em meses após a descoberta. É como ter todos os dias uma guilhotina sobre a sua cabeça. Nunca aceitei isto.  Tenho uma família, um filho pequeno que precisa de mim. Enquanto a doença tentava exigir que eu permanecesse na cama, meu filhinho, me puxava pela mão, querendo brincar, sorrir e  viver.

           Não morri. Tornei-me mais forte! “Aquilo que não te mata, te torna mais forte”. Era a minha declaração de vida! Prevaleci por sete anos!

            Em 2.008, novo abismo. Os exames mostravam o retorno do câncer, desta vez, em outros órgãos- pulmões, mediastino, axilas, ossos. Sendo declarado incurável pela medicina. Muito triste ver minha cintilografia, onde meu esqueleto mais parece uma peneira, toda perfurada pela doença.

             Como exprimir as dores? Como contar as noites insones?  Como compartilhar com grandeza, a aridez  de um deserto  que só eu passei?
              Deus nunca me abandonou! Hoje entendo isto. Mas naquele tempo, por mais que eu o procurasse Ele parecia  manter-se anônimo. Alheio ao meu lamento, meu choro, minha dor... Enquanto Deus agia assim, por outro lado, meu filho vivia os anos mais deliciosos! Quantas vezes conseguiu me fazer sorrir, abafando a voz da dor e do medo?  Enquanto Deus se calava, aquela criança já falava de tudo!  Enquanto a morte exigia espaço, a vida cobrava atenção, cobrava amor, cobrava vida, pois morte gera morte, mas vida, gera vida!
                Nunca deixei que a dor fosse maior que os meus projetos de vida. Nunca permiti que o meu corpo doente prevalecesse sobre minha mente que me mandava sair para viver! Viajei, passeei, sorri, pintei e bordei (tá bom, só não bordei, rs).
                  Em 2.011, criamos o blog, onde tenho compartilhado minha experiência. Hoje entendo, que ali foi fincada uma bandeira de vitória, contra este mal.
                   Meus planos e projetos perduraram, em meio a guerra das quimioterapias, dores e declarações do inferno de que eu iria morrer.
                     A Bíblia diz que Jesus triunfou sobre principados e potestades, expondo-os e destituindo-os de suas insígnias de poder, na cruz do calvário. Mesmo projetando-se voluntariamente a morrer de  braços abertos. Aquela morte, trouxe vida eterna à todo aquele que crer.
            No inicio deste longo e difícil deserto, o meu entendimento e o próprio diabo, me diziam que eu estava na fila rápida da morte. Deus por sua vez, nunca disse isto. E a última Palavra sempre será de Deus!
             Mudei. Mudei em muitas coisas! Inclusive de país! Quem em meio a uma quimioterapia ousa mudar de país?
              Cheguei em Miami em abril de 2.014. Confesso que achei que o meu último ato seria o de entregar o nosso filho no aeroporto ao meu marido, que nos aguardava. Estava muito mal! Mal conseguia respirar! Fui internada, dose cavalar de quimioterapia novamente. O médico chegou a dizer ao meu marido que talvez eu tivesse apenas dias de vida.

                Venci novamente pela graça de Deus! Depois de passar dias, semanas, meses, respirando com a ajuda de aparelho de oxigênio em casa.  Aos poucos, fui me recuperando. Numa das visitas ao médico, depois de um longo abraço e lágrimas, ele me disse que “nunca viu isto”. Que era testemunha de um verdadeiro milagre”!
Essa é a imagem em Maio/14  - Pulmão totalmente comprometido pelo câncer.

Essa é a imagem em Setembro/14 - Pulmão completamente restaurado.

                  Sou um milagre vivo de Deus! Sigo a 13 anos lutando e declarando que estou na fila da vida! Que a morte na pôde conter ao meu Senhor e que ela não irá me tragar ou me amedrontar, pois conheço o autor e o antídoto para a morte... A vida de Jesus, vivendo e reinando em mim!

   Finalizo dizendo que eu estava errada. Na grande viagem que fiz com Deus por este deserto Ele falou que nunca me colocou na fila expressa da morte. Deus é sinônimo de vida e vida com abundância. Os homens nos colocam nestas filas, os laudos humanos nos colocam nesta filas, as guerras, a depressão, o desistir da vida nos colocam nesta fila.
            Deus nunca desistirá de nós. Seu projeto, sempre será bom, perfeito e agradável! Ainda que o Diabo e os homens, pensem pelas evidências e circunstâncias que aquela história acabará em morte, Deus sempre terá uma promessa de ressurreição na vida de todo aquele que crê! Eu tomei posse da minha, e você?


Ps. Ia me esquecendo: Descobri que Deus não tem pena da gente! 
Aquele que nem a seu próprio filho poupou, nos ama, com sentimento muito superior a pena, que é um sentimento carnal e humano. 
Deus está interessado em aperfeiçoar a nossa alma e espírito, lançando mão até mesmo da dor e do sofrimento ser for preciso, para tornar-nos vitoriosos e semelhantes a imagem do seu filho Jesus.


 

     Fiz um compromisso com Deus de testemunhar do seu poder e do seu amor. Estou recebendo convites para testemunhar pessoalmente sobre o grande milagre que Ele tem feito em minha vida. Aceito com muita honra e prazer! Sei que existem milhões de pessoas sem Deus e sem esperança, precisando de um caminho... uma direção. Como eu o tenho encontrado,  posso  compartilhar  com  conhecimento  de causa, que Deus pode e deseja fazer milagres na vida de todo aquele que acreditar.

email: tucavit@hotmail.com

5 comentários:

O SOL do amanhã... disse...

Tuca
Como não chorar, não se emocionar e não agradecer a Deus e a você por esse belo testemunho, vivo coisas parecidas com a sua, faço também muitos questionamentos, me perco em alguns pensamentos, mas logo Deus me encontra..e me reencontra e me fortalece. Tomo a liberdade de imprimir seu testemunho para levar a minha Igreja, muitos precisam ouvir essas palavras, porque não tenho duvidas de que assim como hoje ela me ergue do chão que me encontrava, também será a mão estendida a tantos outros..
Estamos na fila da VIDA!!!

Bjos enorme pra vc!
Fabi

(Guerreira que luta com energia). disse...

Querida Fabi!
A vida entre outras coisas é uma constante troca. Enquanto voce se sente abençoada em ler o meu testemunho e repassa-lo a outros, voce por outro lado me abençoa ao compartilhar comigo tudo isto, pois se o passar por todo este deserto de alguma maneira for útil para abençoar a outros, tudo isto apesar de difícil terá valido a pena! Obrigada! Um grande beijo pra vc! Creia, a sua vitória também vai chegar!
com carinho,
Matilde (Tuca)

Anônimo disse...

Arrepiada é a unica palavra
acompanhei muitas blogs parecidos com o seu vivendo os mesmos dramas e medos , eu comecei a me interessar porque queria ter a certeza que aquele câncer que carregou minha mãe rm avril de 1998 e meu irmão em maio de 1998 isso mesmo não escrevi errado perdi dois amores com diferença de dias por fim através dos avanços da medicina ja não eram tão poderosos como foram na minha família e quando alguém dessas pessoas que eu acompanhava partia ne dava um sentimento se revolta e dizia para mim mesma , infelizmente nada mudou
hj quero agradecer poryvc ter revivido em mim a luz da esperança que sim é possível que sim Deus faz milagres seu depoimento foi um bálsamo um alívio um suspiro que meus olhos brotaram lágrimas de fé
bjs linda feliz 2015 para toda sua família

Camila Gatti disse...

Tuca, gostaria tanto de falar com vc! Descobri logo após o nascimento do meu bebe um câncer raríssimo nos ossos. Já atingiu várias partes d

Camila Gatti disse...

Já atingiu várias partes do meu esqueleto. Meu femur estava tão fraco que fraturei e estou internada há 23 dias sem andar

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